A TEMPESTADE
No escuro céu, constante ameaça a tempestade.
No mar revolto, a onda bravejante escuma,
ao se chocar, violenta, à margem, que costuma,
em circunstância oposta, ter serenidade.
Fazendo-se contraste, em tal promiscuidade,
eleva-se violenta a vaga e se avoluma,
mercê do forte vento, intrépido, que apruma,
e arrasta, e brama, e torce, e o continente invade.
Trovões retroam longe e o raio fogo espalha.
A escura nuvem se ergue e ao peso enorme geme
e chove tromba d’água ao som de uma metralha.
E quando, na hecatombe, a terra inteira treme,
confia o crente em Deus, certo de que não falha,
e implora a Deus, humilde, o incréu, que a morte teme.