segunda-feira, 28 de abril de 2014

                           SÓ FALE O QUE CONVÉM

Quando você falou de mim, falou pensando que eu não via.
Eu sei que amigo, quando fala de outro amigo, fala bem.
Pois vou dizer-lhe que vi sim, porém, sou surdo e não ouvia,
mas, também sou seu grande amigo e gosto de falar também.

Sei que há pessoas faladeiras, que falam à revelia,
falam de Deus, falam de nós, falam de tudo e vão além.
Quero que falem bem de mim, que falem muito todo dia,
enquanto eu, pelos que falam, peço a Deus e digo amém.

Aqui declaro que falar só por falar não é problema,
pois o problema está no modo de falar com falsidade,
dizendo aquilo que é mentira como se fosse verdade.

Portanto fale, mas, só fale o que não coloque em dilema,
pense no que há de falar, não diga o que não tem sentido,
para depois não padecer eternamente arrependido.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

 VEM PRA ROÇA

Trabalhador, meu amigo,
convido-o pra vir comigo,
desfrutar do bom da terra,
juntinho ao pé de uma serra,
terra boa e de renome,
onde ninguém passa fome,
porque colhe em profusão.

Vem, pois, melhorar a renda,
morando lá na fazenda,
vivendo a vida de fato,
onde se capina o mato,
depois que passa o estio,
e, no tempo do plantio,
se planta milho e feijão.

Além daquilo que planta,
o lavrador colhe tanta
coisa boa, com certeza,
dos frutos da natureza:
o saboroso juá
e outros, como o ingá...
e é só pegar com a mão.

Lá não precisa dinheiro,
pois se vive o ano inteiro
sem passar necessidade,
não é como na cidade,
onde tudo tem seu preço,
e as contas vêm no endereço
onde mora o cidadão.

O morador da cidade
passa por dificuldade.
Quem mora na zona urbana,
sabe disso e não se engana,
e eu também não me iludo:
aqui se paga por tudo,
té pra ver televisão.

Vem pra roça, meu amigo,
vem escapar do perigo,
vem ouvir a passarada,
que durante a madrugada
traz o som lá da floresta,
e encanta-nos, em seresta,
com inspirada canção.

A vida é boa na roça,
num casarão ou palhoça,
onde a paz é verdadeira.
E assim, dessa maneira,
o lavrador vai feliz,
muito bem – como ele diz,
e o diz com toda razão.

Digo-o porque já vivi
na roça, hoje estou aqui,
morando em Juiz de Fora.
Sinto-me feliz agora,
porém, curtindo a saudade
que, cada dia, me invade
as fibras do coração.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

MEU PRAZO DE VALIDADE

          "...a boca fala do que está 
           cheio o coração"  (Mt 12.34)

Desejo andar com Deus ano após ano.
Não sou como um mero sobrevivente,
pois tenho a bênção de Deus permanente,
pelo que velo por seu nobre plano.

Quando me invade um pensamento insano,
sinto que a mão divina está presente,
e, então, sustenta-me o Onipotente,
e me abençoa o celestial arcano.

Falo de Deus, porque só n’Ele creio,
e “a boca fala do que está cheio
o coração” – e é este o meu caso.

Sempre que falo, falo do evangelho,
desde quando era novo, hoje estou velho,
e a validade não venceu o prazo.
       BEM DIFERENTE

Caso alguém veja o meu viver feliz,
deve saber também qual a razão,
pois tenho Deus, que me dá proteção,
pelo que vivo como sempre quis.

Vivi sem obter bens de raiz,
pois, nesse assunto, andei na contramão.
Mas, o que mais valorizei, então,
foi o que Deus me deu e a obra que fiz.

Tenho bom coração, não sou cardíaco,
não tive os males de um hipocondríaco,
não tive descontrole ou desarranjos.

Busquei felicidade cada instante.
Hoje estou velho, já vivi bastante,
bem diferente de Augusto dos Anjos.

terça-feira, 8 de abril de 2014

            A IDADE DO JAVALI

Dizem que o ser humano é porco, quando nasce,
porque coloca em sua boca coisas sujas.
Depois, como um lindo macaquinho ele faz-se,
pois faz gracinha que encanta os pais-corujas.

Mas, logo que seus vinte anos ultrapasse,
vem a idade da força do burro, cujas
exibições para as garotas, logo trace
a boa sorte de conquistar à lambuja.

Mas chega o dia em que o homem não vale nada,
devido às suas muitas décadas passadas,
é o que chamamos a idade do javali.

Eu também, hoje, vivo fraco e abatido.
Mas, se lembrarem dos meus bons dias vividos,
verão que hoje eu não valho, mas, já vali.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

              O QUE DEIXEI

Vou caminhando firme no caminho estreito,
sempre seguro na potente mão divina,
transpondo os vales desta vida e as colinas,
buscando sempre praticar o que é direito.

Quero gozar na vida inteira um bom conceito,
considerar cada pessoa gente fina,
amar todo o que nesta vida peregrina,
sendo de todos um grande amigo do peito.

Mas, o que fiz até aqui é muito pouco,
se comparado ao que outros fizeram por mim,
por isso é necessário eu fazer muito mais.

Porém, espero que o mundo não seja louco
de desprezar os versos que escrevi, assim
darão valor ao que deixei nos meus anais.