NADA DE ETIQUETA

Eu sempre desejei ser gente fina.

Mas não me ajudou a própria sorte,

pois descobri que não é minha sina

praticar etiqueta de tal porte.

Peço que a sociedade não se importe

por eu dizer que isso não combina

nem comigo nem com minha consorte,

pernambucana que eu trouxe pra Minas.

Devido a isso, não vou a banquetes,

pois me vejo cheio de cacoetes

incompatíveis com momentos tais.

Aos meus amigos da sociedade,

peço desculpa em nome da amizade.

E, então com isso, não preocupo mais.

         A POESIA

Na poesia, o importante é a palavra,

mas não simples palavra, como letra pura.

Sim, o que ela simboliza, em sua lavra,

na sutileza da cadência e da figura.

O linguajar mais belo o poeta desbrava,

e envolve, e enleva, e acalma com doce ternura.

E, como flecha de amor, na alma crava

e toca o mais sensível, rompe a estrutura.

Uma palavra, então, vira matéria-prima,

prevalecendo, em cada verso, cada rima,

e quando declamado, tem o som de um hino.

Poesia dá sentido novo ao dicionário,

enriquecendo mais nosso vocabulário,

tornando o simples natural quase em divino.

    O ENFERMEIRO

Muitas pessoas que trabalham têm horário

e, fora desse tempo, gozam seu lazer,

pois nessas horas têm muito o que fazer,

desde que cumpram, sempre, o seu dever diário.

Quando trabalham, fazem jus ao seu salário.

E muitos, disso nada têm o que dizer,

pois quando fazem para melhor merecer,

recebem bônus e outros dons pecuniários.

Porém, existem profissões bem diferentes,

sobressaindo essas, que cuidam dos doentes,

o ano inteiro, dia e noite, em hospitais.

Em horas de lazer, às vezes são chamados

a oferecer, em caso urgente, seus cuidados.

Estou falando do enfermeiro. De quem mais?