sexta-feira, 31 de julho de 2015

       MEU TERCEIRO PÉ

O tempo passa. Estou ficando velho.
A vida é breve, passa tão depressa!
Eu sou pastor, pregador do evangelho,
e fiz tão pouco. Minh’alma confessa.

Dia após dia dobro meus joelhos
e louvo a Deus por tudo que aconteça.
Cuido-me bem diante de um espelho,
e vejo a marca do meu tempo impressa.

Não saio muito, sou acomodado.
Mas, quando saio, vou pra qualquer lado,
mormente à igreja, onde exercito a fé.

E, quando vou a uma festa de gala,
se necessário, até uso bengala,
pois, a bengala é o meu terceiro pé.


quinta-feira, 30 de julho de 2015

       A LINDA E O VATE

Deus fez promessas a quem honra os pais.
Disso alcancei experiência. Agora,
recolho os frutos do que fiz outrora,
e disso não esquecerei jamais.

Sou mais feliz do que meus ancestrais,
recebo as bênçãos pela vida afora,
servindo a Deus, a quem minh’alma adora,
sendo eu e esposa um exemplo aos casais.

Nós dois seguimos uma mesma trilha:
eu fui bom filho e ela foi boa filha,
e há meio século amo-a mais ainda.

Quem jamais viu amor desse quilate?
Eu me casei com a mulher mais linda;
e ela casou-se com um poeta – um vate.

terça-feira, 28 de julho de 2015

      FELIZ MESMO ASSIM

Quando me dizem que sou feio um tanto,
digo que vivo neste mundo feio,
sofrendo a influência que me veio,
e feio sou, porém, não causo espanto.

Em vez de belo, prefiro ser santo,
não desejando aquilo que é alheio,
procuro o bem pra viver em seu meio,
ou deixo o meio e fico no meu canto.

Eu não sou belo, mas amo a beleza,
e sou feliz pelo que a natureza
distribuiu, e o que sobrou pra mim.

Sei que a beleza tem o seu valor,
foi concedida por Deus, o Senhor,
e sinto-me feliz por ser assim.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

      VALOR MAIOR

Não admire se murchar a flor,
porque a flor tem vida passageira.
Enquanto vive, tem suave olor,
tão agradável a qualquer que a cheira.

Quer faça frio, quer faça calor,
quer no jardim, quer do caminho à beira,
sua beleza, em variada cor,
enche de belo tom sobremaneira.

Abelhas fazem natural coleta
de pólen, néctar, ao cumprir a meta
de espalhar vida na natureza.

Portanto, a flor, que aos olhos tanto agrada,
também é útil mais que admirada,
pois tem bem mais valor do que beleza.